Uma nova epidemia está no ar. A complicação da doença começa já pelo nome síndrome respiratória aguda grave (ou a sigla Sars, em inglês). Ela é também conhecida como “pneumonia asiática”. Só aí há uma série de nomes estranhos para serem entendidos. “Síndrome” quer dizer um conjunto de sintomas de uma doença . “Epidemia” é a doença que surge num lugar e se espalha entre as pessoas. E “sars” é uma doença respiratória causada por um Microorganismo que só pode ser visto por microscópio eletrônico: o vírus (leia abaixo). Essa síndrome surgiu na china, um país populoso, onde há mais de 1,2 bilhão de pessoas. De lá, a doença viajou para outros países, contagiou mais gente (a maioria adultos) e deixou mortos. Há suspeitas de que a Sars tenha chegado ao brasil, trazida por dois meninos e uma jornalista inglesa. Com isso aconteceu: “antes a gente viajava de navio de um lugar a outro. Hoje, com a facilidade de transporte, as pessoas circulam pelo mundo. Assim, a propagação de doenças é rápida”, diz Clelia maria Aranda, Diretora da divisão de imunização do centro de vigilância epidemiológica de são paulo. Mas, com a mesma rapidez que a doença se dissemina, estão sendo feitas descobertas sobre essa pneumonia. Assim, o vírus causador da Sars, Foi detectado rapidamente.Os vírus estão na natureza, têm variados formatos e causam doenças como gripe e sarampo. Cientistas acreditam que um coronavírus (tem forma de coroa) seja o causador da pneumonia asiática, mas sua origem é incerta ainda. “Uma das teorias para o surgimento dos vírus está relacionada à forma como o homem interfere no ambiente”, diz Luiza Terezinha Souza, diretora do serviço de virologia do instituto Adolfo Lutz. Ela explica que, na maioria dos casos, os animais são reservatórios de vírus. Os vírus podem ser transmitidos ao homem através da urina, das fezes, do sangue. O vírus tem um ciclo de transmissão, que pode ficar entre animais ou ser passado ao homem, como a febre do oeste do nilo, que ocorreu em 1999 nos EUA. Acredita-se que aves migratórias tenham levado o vírus para lá. Mosquitos que picavam aves contaminadas transmitiam a doença às pessoas. Na época, Nova York foi uma das cidades mais atingidas.O que é: – a Sars é chamada de “pneumonia atípica”, aquela que não é causada por bactérias. Essa nova síndrome é transmitida por vírus (provavelmente um novo coronavírus, parente daqueles que provocam resfriados).– Qual é a origem da síndrome: – tudo indica que a Sars surgiu na província de Guandong, na china, onde os primeiros casos de uma doença respiratória grave foram registrados em novembro de 2002. Depois a doença teria se espalhado principalmente para Hong Kong e outras cidades da Ásia e, em seguida, para outros países.– Sintomas:• Febre alta – (mais de 38º c ), às vezes com calafrios – é assim que a doença se manifesta primeiramente;• Tosse seca (depois de dois a sete dias);• Falta de ar ou dificuldades para respirar, dor de cabeça, dores no corpo, diarréia, perda de apetite;– Como a doença se espalha: – nada está totalmente confirmado sobre essa doença. Mas o que se sabe é que, quando uma pessoa com Sars tosse ou espirra, ela lança gotículas de saliva ou de secreções nasais que contêm o vírus e assim, pode infectar quem estiver muito próximo, num ambiente fechado e pouco ventilado.– Cura: – ainda não há cura para a Sars, mas cientistas estudam uma vacina para combater a doença.A pneumonia típica é uma inflamação ou infecção dos pulmões e é causada por bactérias (como a pneumococo), em cerca de metade dos casos que ocorrem. A pneumonia bacteriana não é contagiosa, pois as bactérias estão no próprio organismo da pessoa (na garganta ou nos brônquios, por exemplo). Quando alguém está com pneumonia, os alvéolos (pequenos sacos de ar, onde entra o oxigênio e sai o dióxido de carbono, quando a pessoa respira), ficam com pús e mucos, ou seja, ficam inflamados. Há antibióticos e outros medicamentos para tratar vários tipos de pneumonia. Os pulmões são os principais órgãos da respiração. Tem forma de cone, ficam perto do coração e dentro do tórax. O pulmão esquerdo é menor do que o direito para dar mais espaço ao coração. A Sars é uma pneumonia atípica e é provocada por um vírus. No caso da sars, a pessoa infectada fica com inflamação nos espaço existentes entre os alvéolos, no sistema respiratório. O vírus fica incubado (escondido) de dois a dez dias no organismo humano. É por isso que as pessoas com suspeita de sars têm que ficar isoladas durante dez dias – a pneumonia por vírus é contagiosa. Não há remédios nem vacinas para tratar essa pneumonia ainda. Em todo o mundo, foram notificados (identificados) mais de 5.400 casos de Sars em mais de 20 países. Mais de 750 pessoas já morreram por cousa da doença.Como algumas doenças atacam o corpo: aids: – o vírus é transmitido pelo sangue por via parenteral (através de seringa ou agulha) e é transmitido pela via sexual. O vírus se instala nas células do sangue. Como os linfócitos (glóbulos brancos), e em células do resto do corpo, como do fígado, dos intestinos e dos pulmões.Cólera: – o vibrião (bactéria) do cólera é contraído pela ingestão de água ou alimentos contaminados. Ele se aloja no intestino humano. A diarréia é o principal sintoma do cólera.Febre amarela: – o vírus da febre amarela é transmitido através de um vetor (um mosquito que transmite o vírus de uma pessoa para outra). O vírus se instala em várias partes do corpo humano, como o fígado e rins. Pode atacar o cérebro.Dengue: – assim como a febre amarela, a dengue é transmitida através de um vetor (mosquito), o aedes aegypti. Os principais sintomas da dengue clássica são febre elevada e dores (musculares, na cabeça e nas articulações).Hepatite C: – é considerada a causadora da principal epidemia do século 20, com mais de 400 milhões de casos no mundo. A Hepatite C é bem semelhante á doença causada pelo vírus da aids, no processo de transmissão. A pessoa adquire o vírus da Hepatite C através de sangue contaminado ou de seringas, de agulhas, e pela via sexual. A mãe pode passar a doença para o bebê quando ele ainda está no útero . Ele fica nas células do sangue, no fígado, no intestino e no cérebro.Malária: – é protozoário transmitido por um vetor (mosquito). A pessoa picada pelo mosquito adquire esse protozoário, que vai para as hemácias (glóbulos vermelhos), onde se multiplica. Febre e Anemia são os sintomas iniciais.Epidemia e pandemia: – desde o começo do mundo, há doentes e pessoas que os ajudam a ficar sadios. Os médicos dão nomes às doenças, anotam o modo como elas surgem e o que faz a pessoa piorar ou melhorar. O médico Hipócrates viveu na Grécia, há uns 400 anos antes de cristo. Ele escreveu o livro “água, ares e lugares” em que contou suas observações. Hipócrates notou que a quantidade de pessoas que ficavam com uma certa doença aumentava em determinadas épocas do ano e que em alguns lugares existiam mais doentes do que em outros lugares. Hipócrates observou também que em lugares como pântanos, com águas contaminadas, as pessoas tinham febre e outras doenças. Hoje, quando aparece uma doença, seja gripe, seja sarampo, em grande quantidade, numa cidade ou região, os médicos dizem que acontece uma epidemia. Se a doença se espalha por muitos lugares, dizem que é uma pandemia. Se a quantidade de doentes se mantém constante, na freqüência habitual, dizem que a doença é uma endemia. Os epidemiologistas estudam quantidades e frequências das doenças. Sabem que as doenças que atingem um hospedeiro (pessoa que fica doente) têm um agente causador. Em certa região, o agente pode encontrar condições que pioram a doença e fazem com que atinja mais gente.Algumas epidemias que ficaram na história: – os agentes causadores de doenças podem ser substâncias venenosas, acidentes de carro, nuvens radiativas de explosões atômicas, poluição de fábricas e até falta de alimentação correta. Os agentes que mais dão trabalho aos profissionais de saúde são os agentes vivos: os micróbios causadores de doenças.Peste Bubônica: – Microrganismo como a bactéria da Peste Bubônica, a Pasturella Pesti, já causaram epidemias. Entre 1338 e 1353, houve uma pandemia que matou cerca de 23 milhões de pessoas na Ásia, onde se originou, e outras 25 milhões em diversos países da Europa. A Pasteurella Pestis fez adoecer muita gente, através do contato de pessoas sadias com doentes que tinham o micróbio ou através do contato com ratos e das picadas de suas pulgas, que eram portadoras desse Microorganismo.Varíola: – A Variola não causa mais mortes, porque uma vacina permite seu controle, mas já fez muitas vítimas. A Varíola poucas vezes se manifestou como pandemia. Um dos raros relatos foi do inverno de 1871, quando o vírus infestou a Europa. Só na França. Causou 200 mil mortes. No Brasil, onde a varíola não era conhecida pelos índios, seu vírus foi responsável pelo extermínio de aldeias.Cólera: – O Cólera é transmitido pela bactéria vibrio cholerae. Essa bactéria causou grandes pandemias pelo menos sete vezes desde 1817. A última começou em 1961, na China, e atingiu a América do Sul em 1991. Em 1855, calcula-se que causou 200 mil mortes na população brasileira, na terceira pandemia internacional. Teve início no Pará e chegou até o Rio Grande do Sul.Gripe Espanhola: – muitas doenças deixaram marcas de dor e morte em epidemias que atravessaram os continentes. Uma das piores pandemias foi causada pelo vírus influenza entre 1918 e 1919 e ganhou os nomes de Gripe espanhola e Gripe Asiática. Causou 40 milhões de mortes em dois anos e atingiu metade da população do planeta, estimada na época em 2 bilhões de pessoas.Bactérias, vírus, protozoários – o pesquisador Leeuwenhoeck (1632-1723) aperfeiçoou um sistema de lentes – o microscópio – e descreveu criaturas que viviam na água, nos alimentos, nas plantas, nos animais e no corpo humano. São os microorganismo, ou micróbios. O nome “micro” é indicação de seu tamanho pequeno. O micrômetro é uma medida para o que é um bilhão de vezes menor que um milímetro. Acredita-se que os micróbios tenham origem comum e ficaram diferentes em milhões de anos. Os mais antigos vivem em lugares insuportáveis: perto dos vulcões ou em águas muito salgadas – são as “arqueobactérias.” Essas bactérias primitivas e as outras, as verdadeiras, ou “eubactérias”, foram classificadas pelos cientistas no reino monera. “Monera” quer dizer: único. Esse grupo reúne mais de , 3.000 tipos de micróbio. Os seres humanos são feitos de trilhões de células. As bactérias são feitas de uma célula. Há outras criaturas minúsculas com sofisticadas formas de nadar, comer e se reproduzir: os “protistas.” Uns são mais parecidos com plantas – algas microscópicas. Outros parecem animais e são chamados de “protozoários”, dos quais calcula-se que haja 24 mil tipos, os cientistas observaram que materiais recolhidos para cultivo não produziam colônias semelhantes ás dos micróbios nem eram visíveis ao microscópio. Mas eram capazes de transmitir doenças, mesmo filtrados. Na época, esses materiais foram chamados de “vírus filtráveis ou partículas infecciosas”. Os vírus são pelo menos mil vezes menores do que a maioria das bactérias e foram identificados com a invenção do microscópio eletrônico, na metade do século 20.Bactéria: – a bactéria é celular, possui membrana e citoplasma, onde fica armazenado o dna (responsável pela transmissão das informações da bactéria e pela reprodução desse microorganismo). Ela está em toda a natureza. Nem todas as bactérias trazem doenças para o homem, aos animais ou às plantas. Doenças humanas, como a coqueluche e a tuberculose, são causadas por bactérias.Vírus: – o vírus é acelular: não é feito de célula. Sua composição é mais simples que a da bactéria. ele pode infectar homens, animais ou plantas. Para se reproduzir, o vírus precisa penetrar numa célula hospedeira (que dá abrigo a outros organismos). O vírus usa as ferramentas da célula hospedeira para se multiplicar e causar a infecção ( gripe, por exemplo ).Vacinas são armas contra as doenças: – logo ao nascer, o bebê toma vacinas de prevenção contra vírus, bactérias e outros microorganismos. Até completar um ano de vida, deve receber no mínimo, cinco vacinas para evitar dez doenças (como bcg id, coqueluche, sarampo, tétano (tríplice), paralisia infantil (sabin vo), meningite hib, hepatite tipo b). Para que servem as vacinas? “são medicamentos que conseguem artificialmente fazer com que o organismo produza anticorpos (proteção) sem que esteja doente”. A dengue não tem vacina ainda, e a varíola foi a primeira doença infecciosa a ser extinta pela vacinação preventiva, criada pelo inglês Edward Jener. Ele fez um teste com uma pessoa infectada pela varíola bovina – por isso a palavra latina vaccinia vem de “vaca”.